[ESSA CRÍTICA NÃO CONTÉM SPOILERS]
Esse mês chegou no catálogo da Netflix uma nova série
original, adaptação da coletânea de livros infantis “Desventuras em Séries”, com
ferrenhos seguidores ao redor do mundo. Conta o triste destino dos órfãos
Baudelaire - Violet (Malina Weissman), Klaus (Louis Hynes) e a bebê Sunny (Presley
Smith) – depois que os seus pais são mortos em um incêndio que também destrói a casa deles.
“Desventuras em Série” estava no limbo desde o lançamento do
filme homônimo de 2004, que faturou US$ 209 milhões mundialmente para um
orçamento de US$ 140 milhões, o que não justificou a filmagem de uma sequência.
Nesse filme, o protagonista é na verdade o Conde Olaf, o vilão da história, enquanto que as crianças
são apenas coadjuvantes. Essa troca de papeis gerou várias críticas, já que subverteu a interessante premissa dos livros de colocar as crianças como
protagonistas da história.
Mas agora, com a estreia da série no serviço de streaming, os fãs podem ficar aliviados,
porque finalmente temos justiça ao material original: os três irmãos Baudelaire
demonstram a todo momento serem mais inteligentes do que os adultos.
Essa primeira temporada adapta quatro dos treze livros
escritos por Lemony Snicket (pseudônimo de Daniel Handler). São eles Um Mau
Começo, A Sala dos Répteis, O Lago das Sanguessugas e Serraria Baixo-Astral.
Para cada livro, são dedicados dois episódios, e já que cada episódio tem em média
50 minutos, isso significa 1 hora e 40 minutos (praticamente um filme) para
explorar cada um dos livros.
Isso é ótimo, mas o que me incomodou foi a necessidade de sempre
ter um cliffhanger no final do
episódio. Isso não é mais TV! Estamos falando da Netflix, caramba! Todos os
episódios são liberados de uma só vez, e muitos espectadores até fazem
maratona, então qual o sentido de criar ganchos para o próximo episódio?
Sobre figurino e cenário, a equipe técnica conseguiu
trabalhar com pouco dinheiro e inventar soluções visuais muito práticas. Não
é nada magnífico, mas funciona. Até a direção parece mais profissional,
comparada a outras produções do gênero.
Mas o que realmente cativa em “Desventuras em Série” são os
atores. Os jovens Malina Weissman e Louis Hynes dão um banho de atuação, e
realmente convencem como a Violet e o Klaus. Malina já viveu a pequena April O'Neil no filme de 2014 das "Tartarugas Ninja", e também a pequena Kara Zor-El na série da "Supergirl". Para Louis, esse é o seu primeiro papel de destaque.
Já Neil Patrick Harris arrebenta e entrega tudo de si. Seu
personagem é um ator de teatro péssimo, que age inescrupulosamente sob
diversos disfarces para enganar os adultos. Imaginem a dificuldade! Pois, nesse
caso, Neil precisava ser o Conde Olaf fantasiado de outro personagem, mas como
o Conde é um péssimo ator, ele não podia ser muito convincente. São várias
sacadas na atuação de Neil que faz desse o papel que ele nasceu para
interpretar. Até um número musical ele apresentou!
Com exceção das crianças, pode parecer que todos os
personagens estão exagerados, mas essa é a proposta da série, portanto se
encaixa nessa ambientação surreal. E a linguagem utilizada aqui é uma
transposição perfeita da linguagem dos livros. Talvez porque o autor estivesse supervisionando de perto cada decisão. Ponto positivo!
Contudo, a série ainda está presa demais a realidade. Senti
falta de algo um pouco mais cartunesco.
Espero que no segundo ano, “Desventuras em Série” se sinta livre para explorar esse
universo do absurdo de uma maneira mais original, e não se encaminhar para um
caminho confortável, que foi o que aconteceu nessa primeira temporada. Eu quero
uma série diferente! Esqueça o que conhecemos de narrativas infantis. Vamos elevar
o potencial dessa produção ao máximo, pessoal.
Classificação:
Você já assistiu a série? E ai, gostou do que viu? Está ansioso para a segunda temporada?
Comenta para gente quais foram as suas partes favoritas.
Olá lindona, achei interessante, mas confesso que não tive tanta curiosidade para assistir.
ResponderExcluirBeijocas.
meumundosecreto