O céu se estende como um manto sobre a terra. Em cima,as estrelas vibram iluminando a escuridão. Em baixo a cidade pulsa como um coração que nunca para de bater. Milhões de histórias entrelaçadas em um único lugar. E no meio disso tudo: eu. Nada. Só mais uma dentre tantas. A noite as luzem preenchem o vazio,os postes formam poças iluminadas no asfalto que me iluminam progressivamente,o vento frio corta minha pele e transforma meu cabelo em um emaranhado de fios soltos. As pessoas que passam por mim na rua perdem o rosto no escuro da noite. Os bares se enchem de uma música alta que se mistura com a dos próximos. Sento em um banco no meio da praça da cidade. Não sei o que exatamente me trouxe aqui,talvez eu tenha vindo descobrir. 

As estrelas tem um brilho diferente,como se conversassem entre si. As constelações formam desenhos na noite. Órion. Cassiopeia. Ursa Maior. O caos ordenado do céu. Elas continuam brilhando,e como uma orquestra seguem assim,juntas,como se soubessem que estão sendo observadas. E se estendem sobre mim. Sem fim. Há mais delas do que qualquer um seria capaz de contar. Uma pena,gostaria de saber o nome de todas. Quantas histórias perdidas não há no céu? Quantos pedidos recebidos? Talvez eles caiam junto com elas. Nesse caso não tive sorte. Minha estrela cadente deve ter se perdido no caminho. Elas parecem zombar de mim,veem tudo lá de cima,conhecem todo o universo. Como deve ser estar em todos os lugares ao mesmo tempo? 

Algumas pessoas voltam apressadas para casa em seus carros blindando o frio. Já não escuto mais o miado dos gatos e os bares começam a descer as portas. Logo quase tudo ficará em silêncio. Quase tudo. Sempre haverá um ruído,a cidade é viva,está sempre acordada,assim como o céu. Não deve ser tão diferente daqui,eu imagino. Perco a noção do tempo,já não sou capaz de dizer ao certo desde que horas estou sentada sozinha. Olho mais uma vez para cima,agora as estrelas parecem desbotar,como uma tinta sendo lavada da tela. Uma por uma vão desaparecendo,e logo o sol irá engolir todas as que ainda restam. Então eu me levanto e caminho em direção as casas. Da calçada ainda vejo as luzes dos prédios acessas,um conjunto que ilumina a cidade toda,como um céu que se estende sob ele mesmo. Também temos nossas estrelas aqui em baixo,afinal,e elas nunca morrem.



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